Arquitetura
Arquitetura e Urbanismo
A área de implantação do Palácio do Beau Séjour foi, durante largos séculos, uma zona agrícola dedicada ao abastecimento da cidade de Lisboa.
O abastecimento efetuava-se predominantemente através da Estrada de Benfica, a qual passava por Palhavã, Andaluz e Anunciada até entrar no centro da urbe pelas antigas Portas de Santo Antão, perto do Largo de S. Domingos.
Terramoto de 1755
Foi após o terramoto de 1755 que o então aprazível subúrbio agrícola conheceu o seu primeiro surto demográfico, acolhendo a população que aqui se refugiou. Na primeira metade do século XIX, Benfica — que viria a desmembrar-se, em 1959, nas freguesias de Benfica e de São Domingos de Benfica — preservava estas características às quais se veio juntar a sua feição de lugar de veraneio para famílias aristocráticas e burguesas que em Lisboa residiam durante o ano.


Em 1849, D. Ermelinda Allen Monteiro adquire a Quinta das Loureiras, uma propriedade rural com produção de vinho, árvores de fruto e cereais. Renomeando-a como Beau Séjour, manda edificar uma casa com planta longitudinal, com eixo predominante Este-Oeste, cruzado por um eixo secundário Norte-Sul. No piso térreo situam-se as salas de receção, enquanto no primeiro piso se encontram os quartos e salas íntimas.
À época, a casa é descrita como semelhante às cottages inglesas, o que se explica pela ascendência britânica de D. Ermelinda e pelos anos que viveu em Inglaterra. Em torno da casa principal corre um terraço para onde se abrem as janelas das salas do rés-do-chão, estabelecendo uma forte ligação entre interior e exterior. Destacam-se ainda as bow windows simétricas nos dois torreões que rematam o edifício. Todas as divisões possuem janelas de diferentes dimensões, permitindo uma presença constante da paisagem.



Nas imediações da casa principal existiam também outras dependências destinadas à vida agrícola.
Mais tarde, já sob a propriedade do Barão da Glória, foram introduzidos elementos decorativos característicos das chamadas "casas de brasileiro", como os azulejos de estampilha na fachada, o uso de diversas cores e a substituição do muro a sul — junto à Estrada de Benfica — por um varandim de ferro aberto, abrindo a casa ao olhar público. Também o lago do jardim sul foi alargado por iniciativa do Barão.
Nas décadas de 1930 a 1970, Benfica e São Domingos de Benfica viveram um segundo surto demográfico e de urbanização. Em redor do palácio foram abertos novos arruamentos e construídas urbanizações, tendo parte dos terrenos da antiga quinta sido vendidos.



Na década de 1980, após uma curta ocupação pelos Irmãos Maristas e aquisição pela Câmara Municipal de Lisboa, o palácio foi alvo de uma extensa campanha de obras de conservação e restauro, com intervenções nos três pisos (cave, térreo e 1.º andar), adaptando o espaço às necessidades de um serviço público, sem comprometer os seus valores patrimoniais e decorativos.
O Palácio do Beau Séjour foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1996.