Artes decorativas
Artes decorativas
O Palácio do Beau Séjour, foi alvo de campanhas de embelezamento dos interiores, levadas a cabo por Maria da Glória Leite e José Leite Guimarães, sobrinhos e herdeiros do barão da Glória, António José Leite Guimarães.
Imbuídos de um espírito mecenático, transformaram a pequena casa de veraneio num verdadeiro espaço museológico de toda uma geração de artistas do final de Oitocentos, com destaque para alguns membros do Grupo do Leão (1881-1889), jovens artistas que se reuniam na Cervejaria Leão de Ouro, em Lisboa.
Sob orientação do arquiteto amador e pintor Francisco Vilaça (c. 1850-1915), a campanha decorativa do Palácio decorreu sensivelmente entre 1887 e 1892, e nela trabalharam, entre outros, três irmãos Bordalo Pinheiro - Columbano, Maria Augusta e Rafael, o entalhador Leandro Braga e o marceneiro João Baptista Collomb (a quem se devem os parquets).
Vestíbulo
No vestíbulo que antecede a Sala de Jantar, encontra-se a Fonte-lavatório, um grande painel de cerâmica relevada e policromada com lavabo, um trabalho de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) da Sociedade Fabril das Caldas, obra de composição naturalista, expressa na temática campestre e marítima nacional. Emoldura o conjunto, uma cercadura de azulejos relevados, de padrão “rã e nenúfar”.



Salão Dourado

O Salão Dourado, harmonizado pelos tons bege e dourado dos madeiramentos do entalhador Leandro Braga (1839-1897), que emolduram o teto com a tela de Columbano (1857-1929) intitulada O Carnaval de Veneza, pintura perspetivada, a representar arquiteturas fingidas, em tromp l’oeil, e figuras em traje de máscara, de influência barroca.
Sala de Música

A Sala de Música, obra a cargo de Vilaça, com um teto de instrumentos musicais em estuque e ao centro uma pintura alegórica de Euterpe, musa da música, a segurar um instrumento de sopro, de dupla cana (aulo). Na continuação da temática neo-clássica, destaque ainda para a representação em relevo da deusa Diana e a cena de oferendas num altar a divindade clássica (Pã ou Príapo), pintada em trompe l’oeil na bandeira da porta para o exterior.
Sala de Jantar
A Sala de Jantar, constitui uma entidade homogénea, da responsabilidade conjunta dos três irmãos Bordalo Pinheiro: o candeeiro de flores e insetos e os azulejos de padrão “rã e nenúfar”, bem como a sanca relevada de frutos e legumes, têm o cunho de Rafael; as pinturas dos painéis em “L”, com flores e frutos, e os vitrais coloridos dos tímpanos dos arcos góticos, traduzem a delicadeza do trabalho de Maria Augusta (1841-1915); e a Columbano ficaram a dever-se três telas, com meninos (putti) a brincar com peixes, crustáceos, frutos e vegetais (vendidas em leilão na década de 1970).



Pavimentos
O corredor central do edifício apresenta pavimento em mosaico cerâmico branco e vermelho, formando um padrão de octógonos e quadrados, com cercadura de filetes, dentes-de-serra e losangos. As principais salas de representação do edifício têm pavimentos em parquet de madeira, compondo padrões de quadrados, da autoria de João Baptista Collomb.





Galeria

A Galeria ou Sala dos Quadros, com o teto pintado por Vilaça com figuras alegóricas ou musas das artes - Pintura (paleta) e Escultura (palma), e medalhões alusivos às ditas artes, representando os bustos dos artistas renascentistas, Rafael e Miguel Ângelo. Ao centro, uma claraboia de vidro e a estrutura em metal de um antigo candeeiro a gás.
Estuques decorativos
Os tetos das salas privadas do piso de entrada apresentam duas composições em estuque com fingidos de madeira.